O passo a passo da metodologia Scrum
Como surgiu o Scrum
Se você é da área de TI, com certeza já ouviu falar em Scrum, Lean, Kanbam, enfim, nas metodologias ágeis, correto? E se sim, além do que foi escrito, você provavelmente atua com uma destas metodologias. Pois, neste artigo falaremos com aqueles que estão desvendando o caminho de formas de trabalho e desenvolvimento, em especial, trataremos sobre o Scrum.
Sobre quais pontos iremos tratar:
1 – Origem do Scrum
2 – Os pilares
3 – Os papéis
4 – Os eventos
5 – Artefatos do Scrum
Você conhece a origem do Scrum?
Curiosamente, o Scrum surgiu a partir da observação e relação com um esporte. Estamos falando do Rugby. Isso mesmo, aquele esporte originado na Inglaterra, que tem como característica a interação intensa entre o físico dos profissionais que participam deste jogo.
Para entender melhor, vamos falar sobre a prática do Rugby. No esporte, os jogadores utilizam seus corpos como principal ferramenta de ataque e defesa. Para jogar são necessários 15 atletas em um time e o objetivo é ultrapassar a bola no campo do adversário, em uma linha demarcada (o gol) e encostá-la no chão.
Eis que surge o Scrum. Quando ocorre uma penalização, o jogo é reiniciado no local onde ocorreu a falta e oito jogadores se reúnem, na formação conhecida como Scrum. Nesse momento, agindo de forma colaborativa, os jogadores avançam no campo adversário em uma orquestra de lances, retirando os obstáculos até o gol. Tudo isso, feito de forma estratégica e sincronizada.
A palavra Scrum possui etimologia com a expressão inglesa scrimmage, que se traduzida de forma literal, significa escaramuça, que é qualquer luta de pequena proporção ou uma breve luta durante investida militar.
Fato é que, o Scrum foi primeiramente notado para o desenvolvimento de software quando Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka, no artigo “The new new product development game”, postado em 1986, descreveram a importância do trabalho em equipe focando a resolução de problemas complexos.
Posteriormente, nos anos 90, os americanos Jeff Sutherland, John Scumniotales, Jeff McKenna e Ken Schwaber apresentaram um artigo intitulado “SCRUM Development Process”. Nele, os autores questionaram a eficácia do modelo tradicional de desenvolvimento de software, conhecido como Waterfall. O artigo, com certeza impactou a realidade. Após esse episódio da história, diversas corporações ao redor do mundo adotaram a metodologia Scrum. De acordo com o Scrum.org, atualmente, mais de 70% de todas as equipes ágeis usam o Scrum (ou um híbrido do Scrum) como framework.
Vamos entender mais
Primeiramente, é preciso entender como funciona o Scrum. Essa metodologia possui como principal fundamento o empirismo, que afirma que todo o conhecimento vem da experiência. O segundo fundamento é a abordagem iterativa, isto é: ganhos incrementais a cada novo conhecimento empírico adquirido.
No Scrum existem elementos que o caracterizam: PAPÉIS, EVENTOS E ARTEFATOS e os pilares que o sustentam: TRANSPARÊNCIA, INSPEÇÃO E ADAPTAÇÃO.
Os pilares:
- Transparência
Em um projeto é importante que tudo esteja “as claras”, ou seja, todos estejam cientes de tudo o que deve ser feito e o que já foi realizado (uma visão completa sobre processos, requisitos e status). Portanto, a transparência no Scrum serve como uma bússola que orienta e informa corretamente ao time todo o escopo do projeto.
- Inspeção
A todo momento o time se reúne para compartilhar aprendizados e saber qual o status do projeto. A inspeção serve para que o time acompanhe o que está sendo feito e é aqui o momento também de pensar criticamente os resultados alcançados.
- Adaptação
Sabe aquele momento que dizemos, eu dei o meu melhor? Então, no Scrum isso não cola. Isso porque, no pilar da adaptação, tendo como base os outros dois já citados, na qual temos, de um lado, a visão do todo e do outro, uma análise crítica da situação e dos resultados, cria-se espaço para melhorias contínuas, portanto, a adaptação coloca-nos em uma posição de inquietude, ou seja, da não conformação e isso permite aprimoramento no projeto.
Os papéis do Scrum
Papéis, personagens, funções, sim, é isso que nomeia quem faz o Scrum acontecer.
Dentro do escopo de papéis existem o Product Owner, o Scrum Master e o time de desenvolvimento. Vamos entender o que cada um faz:
- Product Owner: é o agente que se relaciona com o cliente e possui poderes de liderança sobre o produto em desenvolvimento. É a pessoa responsável por manter registro de requisitos, regras e prioridades de entregas – todo esse processo é comumente chamado de backlog do produto. Esse agente determina “o que fazer”, mas não “como fazer”.
- Scrum Master: esse agente possui o papel de garantir que todos os envolvidos em um projeto estejam aderentes ao processo, ou seja, que sigam as regras, participem das cerimonias e usem os artefatos corretamente.
- Time de Desenvolvimento: são todos os demais agentes que estão ligados ao projeto. Contribuem para o desenvolvimento do produto, não importando os seus cargos ou skills individuais. Na verdade, é importante que o time seja o mais multidisciplinar possível, para que problemas complexos tenham as melhores soluções. No que tange ao processo de papeis, o time de desenvolvimento produz o que o Scrum Master prescreve como correto e atende as prioridades definidas pelo Product Owner.
Entretanto, é importante salientar que não existe uma hierarquia prevista pelo framework. Cada papel possui uma responsabilidade que contribui para agregar valor ao projeto.
Desvendando os eventos do Scrum
Está na hora de falar sobre os eventos. É por meio deles que todos os conceitos acima trabalhados são colocados em prática de maneira ágil e produtiva.
Como ocorre uma Sprint
Sem dúvida, a Sprint é o coração do método Scrum. É executada em um ciclo curto, com foco na melhoria/incrementações ou criação de um produto. Este objetivo é baseado nos itens que constam no product backlog. A duração de uma Sprint é de um mês ou menos, na maior parte das vezes até duas semanas. Assim que uma Sprint acaba, outra se inicia.
Os demais eventos do Scrum, além da Sprint, são:
- Planning
A reunião de planejamento ou Planning é o evento no qual o trabalho a ser realizado na Sprint é planejado, a partir da colaboração de todo o time. Seu timebox (tempo máximo de duração) é oito horas. O Scrum Master guia esta reunião, garantindo que o evento aconteça e que todos entendam seu propósito. O Time de Desenvolvimento e o Product Owner também participam, além de, se necessário, outros convidados com alguma relação com o projeto.
- Daily
A daily, ou reunião diária, tem o timebox de 15 minutos. Muitos times gostam de fazê-la logo pela manhã.Ela é importante para reforçar os pilares do Scrum. É durante esta reunião que os desenvolvedores falam de forma transparente sobre o que fizeram desde a última daily e definem o que será feito no período até a próxima. A inspeção do trabalho do time é feita de forma colaborativa e, se necessário, pode ocorrer alguma adaptação, ajustes já são inclusos no planejamento para a maximização de valor.
A reunião diária deve acontecer sempre no mesmo local e horário para facilitar processos e evitar desencontros.
O Guia Oficial do Scrum sugere que o time responda três perguntas, visando uma organização ágil do que deve ser discutido:
-
- O que eu fiz ontem que ajudou o time de desenvolvimento a atingir a meta do sprint?
- O que eu farei hoje para ajudar o time de desenvolvimento atingir a meta da sprint?
- Eu vejo algum obstáculo que impeça a mim ou ao time de desenvolvimento de atingir a meta da sprint?
- Review
A Review, ou Revisão da Sprint, é o evento realizado no final da Sprint, com o objetivo de inspecionar a melhoria e adaptar o Backlog do Produto, se necessário. Na reunião de revisão, o Time de Desenvolvimento deve relatar o que foi desenvolvido, testado ou melhorado nesta Sprint e as partes interessadas discutem sobre isso. Este evento tem duração máxima de quatro horas.
- Retrospectiva
A retrospectiva da Sprint é um evento destinado à inspeção do Time Scrum. O objetivo é criar um plano de melhorias para a próxima Sprint. Melhoria contínua resume bem o conceito central dessa reunião e a base da equipe de desenvolvimento. Por maior que seja a qualidade do time, seus membros devem sempre buscar pontos que possam melhorar, seja em si próprios ou no processo da Sprint. É realizada sempre entre o final de uma Sprint e o início de outra. Para uma Sprint de um mês, deverá ter duração máxima de três horas. O Scrum Master é quem deverá garantir que este evento ocorra. Neste evento, participam: o Scrum Master, o Product Owner e o Time de Desenvolvimento.
Os Artefatos do Scrum
Aqui não há segredo, são apenas três elementos que devemos nos atentar:
- Backlog do produto: uma lista fluida e ordenada por importância de potenciais recursos e inovações ao produto.
- Backlog da sprint: o subconjunto de itens do backlog do produto selecionados para serem concluídos na próxima sprint.
- Incremento: ganhos incrementais pelo trabalho realizado.
Para finalizar o artigo, é importante salientar que o Scrum é em sua natureza, leve, simples de entender e extremamente difícil de dominar, portanto, devemos entender que não é um fim, mas sim um meio para se alcançar objetivos.