Você já parou para pensar que cada interação com uma inteligência artificial, como um chatbot ou um assistente virtual, tem um impacto ambiental significativo?
Esse cenário tem colocado a sustentabilidade no centro das discussões globais sobre tecnologia e as regulamentações específicas sobre IA verde, em alta em todo o planeta, representam uma oportunidade única de se destacar como líder nessa transformação.
Neste texto, vamos abordar em que pé estão essas discussões e as razões que as tornam tão relevantes para o Brasil e para o planeta como um todo.
IA realmente causa impacto ambiental?
Sim, as inteligências artificiais influenciam na preservação ambiental. Em um momento em que a pauta de sustentabilidade está em alta, é natural que o “monitoramento” sobre o que gera impacto no meio ambiente cresça e alcance mais pessoas. Ainda assim, muitas desconhecem quais ferramentas influenciam diretamente no meio ambiente (entre elas, a IA).
Segundo um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), datacenters, criptomoedas e sistemas de inteligência artificial devem consumir até 1.050 TWh de eletricidade até 2026. E não para por aí: a água, usada no resfriamento de datacenters, muitas vezes não é reutilizável devido aos produtos químicos envolvidos no processo.
Um exemplo que chama atenção é o ChatGPT, que consome cerca de 500 ml de água para cada 20-50 interações simples. Isso, multiplicado por milhões de usuários, torna o impacto ambiental dessa tecnologia significativo.
E o problema não é apenas o volume de recursos consumidos, mas também onde isso acontece. 61% dos datacenters estão concentrados nos EUA, Europa e China, regiões que ainda dependem de combustíveis fósseis. Esse cenário reforça a urgência de desenvolver infraestruturas mais sustentáveis, alinhadas a fontes renováveis e – especialmente – elaborar uma regulamentação eficiente para o setor.
Regulação da IA verde pode ser ponto de partida para a sustentabilidade da tecnologia
Diretrizes como a Recomendação da Unesco sobre a Ética da Inteligência Artificial e a resolução do Conselho da OCDE sobre IA, atualizada em 2024, deixam claro que os impactos ambientais dos sistemas de inteligência artificial devem ser tratados como prioridade nas regulamentações de tecnologia.
Nos Estados Unidos, a Executive Order on Safe, Secure, and Trustworthy AI, emitida em 2023, incluiu pela primeira vez a noção de “desenvolvimento e adoção globais sustentáveis de IA”. No Brasil, o Projeto de Lei de IA enfatiza a necessidade de priorizar sistemas que promovam eficiência energética e racionalizem o uso de recursos naturais, mas ainda não há uma estrutura legal robusta que torne essas diretrizes obrigatórias.
A falta de uma regulamentação mais clara e implementável representa tanto um desafio quanto uma oportunidade para países como o Brasil, que tem potencial para liderar essa transformação graças à sua matriz energética limpa e abundante.
Por que a IA verde é uma oportunidade para o Brasil?
Com 80% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis, o Brasil já se destaca no cenário global como uma potência sustentável. E o futuro é ainda mais promissor: a capacidade energética do país deve superar a demanda em 150% até 2028, abrindo espaço para atender demandas externas, especialmente no setor de IA.
O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) prevê medidas específicas para conectar o uso da IA com energias renováveis, mas falta uma infraestrutura que viabilize a exportação dessa energia excedente. Uma alternativa seria o investimento em hidrogênio verde, regulado pela Lei 14.948/2024, que oferece incentivos para sua produção e transporte como uma forma limpa e eficiente de energia.
Além disso, iniciativas legislativas como o PL 5174/2023, que incentiva o financiamento de projetos sustentáveis, e o PL 182/2024, que propõe benefícios fiscais para energias renováveis, tornam o Brasil um destino atraente para empresas de tecnologia que buscam alinhar inovação com sustentabilidade.
Sustentabilidade está se tornando um imperativo para empresas de tecnologia
Para as empresas de tecnologia, investir em sustentabilidade não é apenas uma questão ética, mas também estratégica. Otimizar o consumo de energia dos algoritmos, priorizar o uso de datacenters em regiões com matrizes limpas e adotar práticas alinhadas às regulamentações globais são caminhos essenciais para se manterem competitivas.
Caso o Brasil abrace essa causa, a tendência é que possamos atrair grandes players de tecnologia para se estabelecerem no país, aproveitando nossa energia renovável e os incentivos legislativos em andamento. Além disso, essa estratégia pode colocar o Brasil no mapa como líder global na produção de IA verde, criando empregos, investimentos e inovação tecnológica local.
E aí, você já sabia de todas essas discussões? A TQI está atenta a todas elas e apoia todas as medidas que possam utilizar a tecnologia para criar um planeta mais sustentável.